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O imaginário agrícola a que nos fomos habituando é feito de monoculturas, maquinaria, productos químicos e subsídios que definem a paisagem rural do país. O agricultor moderno oscila a sua produção com as verbas da UE, semeia o que mais lhe dá dinheiro e, geralmente, limita-se a uma ou duas culturas. Compra a semente certificada que não reutiliza na colheita seguinte, não respeita os ciclos lunares e desconhece profundamente a terra que trabalha. Caso contrário faria tudo para a manter viva em vez de a agredir constantemente.
As experiências de agricultura tradicional continuam a existir um pouco por todo o país, sobretudo no interior norte do país onde são mais frequentes os pequenos terrenos familiares. Aí, podemos encontrar pequenos agricultores que produzem para consumo próprio e para partilhar com os vizinhos. Raramente utilizam fertilizantes ou pesticidas e praticam a policultura.
O fracasso da "Revolução Verde" e da agro-indústria, responsável por trazer à nossa mesa a maioria dos productos que consumimos, torna-se cada vez mais evidente, não só pelos impactos ambientais como pela constante degradação das terras e consequente diminuição da productividade. Fracassa também do ponto de vista social porque é uma agricultura quase sem pessoas, porque deixa o agricultor numa situação de dependência extrema em relação ao mercado e porque, cada vez mais, afasta as pessoas do meio rural reforçando o conceito de alimento como um mero bem de consumo.
No próximo ano cumprem-se 40 anos do 25 de Abril e do inicio da campanha de ocupação de terras. A reforma agrária integral continua a ser um imperativo, talvez não apenas sob o lema "A terra a quem a trabalha" mas também sobre vários outros lemas que tenham em conta a necessidade de diversificar a produção, aproximar os consumidores dos produtores, apostar nos productos e culturas locais e, sobretudo, trabalhar em sintonia com a terra para conseguir uma relação que dê frutos por muitas gerações.
A pouco mais de um mês e meio de entrarmos em 2014, declarado pela ONU como Ano Internacional da Agricultura familiar, sugiro-vos um curso de permacultura às portas de Lisboa para que possam ser elementos mais activos na mudança de paradigma que se impõe. Decorrerá no Projecto270, entre a praia da Riviera e a praia da Rainha na Costa da Caparica, no fim de semana de 30 de Novembro e 01 de Dezembro. Podem consultar o programa AQUI.
Um dos desafios mais interessantes é o da produção de alimentos nas cidades pelo que não se trata de uma formação apenas para os interessados em mudar-se para o campo!