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Estranhamente nestes últimos dias pareceu que a questão política fundamental no nosso país era a atribuição de pelouros ao PSD na câmara de Loures, ganha pela CDU.
A CDU não tendo maioria absoluta, endereçou convites ao PS e ao PSD para que assumissem vereações na câmara, de forma a poder assegurar o regular funcionamento do município. O PS apresentou uma contra proposta, em que se atribuía importantes áreas na gestão do município, facto que levou a CDU a recusar, por tal pôr em causa a vontade de mudança expressa pela população de Loures no último acto eleitoral.
Esta situação não é nova, sendo habitual a CDU (e outras forças politicas) quando é força maioritária mas não tem a maioria absoluta, convidar outras forças políticas para assumirem pelouros. Assim tem acontecido nos mais diversos concelhos, nomeadamente em Almada, onde a CDU por diversas vezes já atribuiu pelouros a vereadores do PS ou do PSD. Esse facto não impediu que no essencial a CDU leva-se à prática o seu programa, nem impediu, que apesar de estar no poder desde que há eleições livres e mudando desta vez de candidato a Presidente, esta força política volta-se a ganhar as eleições, desta vez com maioria absoluta.
Porquê então esta querela à volta de Loures, o que é que ela tem de diferente?
Percebe-se que o PS, apesar de reclamar vitória no último acto eleitoral, tenha consciência das profundas derrotas que teve em concelhos importantes como Loures, Beja ou Évora e que por esse motivo tente de todas as formas, mesmo as mais mesquinhas, minimizar os prejuízos, fomentando discussões que ponham em causa a legitimidade das vitórias da CDU. Como aliás se pode comprovar pelo comportamento de António Costa, que nem convindou a CDU Para a Assembleia Municipal, ou noutros concelhos da margem sul, onde pura e simplesmente o PS recusou os convites que a CDU lhe fez para ocupar lugares nas Assembleias, numa atitude de clara hostilidade.
Percebe-se igualmente que quem desconheça a realidade autárquica ache estranho, é que transportar mecanicamente o combate político a nível nacional, para o plano autárquico, para além de contraproducente é não perceber nada das dinâmicas locais, não perceber nada do “país real”. Há autarcas de, todas as cores politicas, nos mais diferentes concelhos deste país, que têm protestado contra os diferentes governos (PS/ PSD/CDS) devido aos roubos praticados aos municípios pela (não) aplicação da lei de finanças locais, contra a falta de investimento nos seus concelhos, contra a falta de politicas de reabilitação urbana, pelo fecho de serviços públicos, postos de saúde, de correios, delegações de finanças, maternidades, contra a extinção de freguesias, etc, etc...
Daí o pensar que esta querela só pode ter duas razões de existir; ou ignorância da realidade autárquica, ou engajamento (consciente ou não) numa estratégia política, cujo beneficiário mais evidente é o PS.
Só para se ver o quão diverso é a luta politica a nível nacional do combate a nível dos concelhos, ver este comunicado do BE.
Só para ver quanto profundo é ódio do PS à CDU em Loures, ver este video.