Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]



A PSP e sua estranha forma de comunicar

por Rodrigo Rivera, em 26.10.13

 

Quase um ano depois da maior carga policial de há décadas, a Justiça veio dar razão aos manifestantes em relação ao suposto "aviso" que a PSP fez antes da carga. Munido dum megafone ridículo perante o barulho no local, um polícia veio murmurar-nos uma mensagem afirmando que tínhamos de dispersar. Como é óbvio, ninguém ouviu. Foi uma desculpa muito esfarrapada para arrear porrada indiscriminadamente sobre manifestantes pacíficos.

 

Os cães de fila da PSP, altamente militarizados, têm um treino que não inclui técnicas de comunicação. Aliás, nem num megafone verdadeiro têm vontade de investir, visto que toda a formação visa treinar animais que só falam através do bastão. Há um ano, também fui apanhado desprevenido longe da "linha da frente" por esta carga policial que arrasou todo o largo de S. Bento, batendo em tudo e todas, incluindo idosos e crianças. Eu também não ouvi nada senão os grunhos duma polícia de classe, que só existe para obedecer a qualquer dono do Estado burguês e hoje, austeritário.

 

Com este processo a avançar lentamente na Justiça, também começou outro: o das pessoas que foram detidas aleatoriamente na Av. 24 de Julho, a mais de um kilómetro do Parlamento, muitas das quais nem estiveram presentes na Manifestação. Detidas sem acusação e levadas para celas num estabelecimento em Monsanto e no Calvário, algumas destas pessoas não desistiram. Apresentaram queixa-crime contra a PSP pelo sequestro e tratamento subhumano a que estiveram sujeitos nas celas.

Enquanto um dos detidos ilegalmente e, por alguma razão, não acusado de nada até hoje, só me resta agradecer à PSP pela oportunidade de levar alguns militantes políticos à realidade das celas onde todas as semanas encarceram jovens dos subúrbios, trabalhadores e militantes. Obrigado por nos fazer ver com nossos próprios olhos o submundo neofascista da PSP para poder melhor denunciá-lo hoje.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 14:22

Da Resistência

por Clara Cuéllar, em 26.10.13

J.M.W. Turner

 Joseph Mallord William Turner

Snow Storm – Steam Boat off a Harbor’s Mouth Making Signals in Shallow Water

 

Muitos saberão, seja por experiência própria ou por conhecerem alguém em situação semelhante, o flagelo que é o desemprego. Muitos sentirão nos dentes uma raiva crescente que, decorrendo da exclusão social e da falta de alternativa, exige uma acção. A acção de quem nada tem a perder, o grito que transforma o sufoco na exigência e na reivindicação de uma vida digna; na rejeição total de ser olhado como um parasita – parasitas são os magnatas do capital. O Nelson é um dos que resiste. É a representação de um extremo. Não se esconde, não se rende, não morre à espera que façam por ele. O Nelson resiste. Novamente. E resistirá sempre.

 

Segue o comunicado enviado à imprensa:


Desempregado vai fazer apelo à desobediência


Nota de imprensa


Nelson Arraiolos vai estar, ao meio-dia da próxima quarta-feira, no jardim em frente ao Palácio de Belém, para fazer um apelo à desobediência. Este apelo vem na sequência da anuência de Cavaco Silva, de Maria Luís Albuquerque e do Chefe da Repartição de Finanças do Bombarral, relativamente à declaração na qual afirmou que vai deixar de pagar impostos.


O Nelson está desempregado e carece de apoio adequado para a doença degenerativa de que padece. A sua família foi alvo de penhoras ilegais por parte das Finanças, as quais visavam dívidas do próprio.


Agradece-se a todos as senhoras e senhores jornalistas, órgãos de comunicação e cidadãos em geral a divulgação e apoio a este acto de resistência involuntária.


Nelson Arraiolos

926880152

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 02:00




calendário

Outubro 2013

D S T Q Q S S
12345
6789101112
13141516171819
20212223242526
2728293031



Arquivo

  1. 2015
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2014
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2013
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D