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Não terá sido Scolari que fez escola. Mas a metáfora do burro nacional ganha destaque no prestigiado New York Times. O burro seria o símbolo do interior português enquanto subsídio-dependente, à beira da extinção e ameaçado pelos cortes da austeridade. Vaqueiro, o Presidente de Junta socialista de Paradela, dá para esse peditório dizendo que os “subsídios nada trazem” e que “está toda a gente completamente dependente deles e portanto não há espírito de inovação e desejo de modernizar ou produzir mais”. Está a falar dos burros de Miranda, em vias de extinção porque perderam a sua função económica, mas lê-se no que se diz dos burros um discurso geral sobre os subsídios do Estado à preguiça e sobre os mitos da “inovação”.
Poderíamos bater no peito de forma nacionalista e gritar contra quem nos vê como burros improdutivos e ornamentais. Mas a questão que interessa é que a burrice das políticas não está em preservar uma espécie ameaçada, está na maneira como se despreza o interior do país enquanto estratégia de integração no capitalismo mundial e no discurso da subsidiodependência permite a agressão aos direitos mais básicos.