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Uma entrevista "patriótica" - "pátria" e "patriotismo", não sendo o mesmo que "nacionalismo", também não são o mesmo que "soberania" ou "soberania popular" - do porta-voz do movimento que quer disputar as eleições europeias, mas que não "pretende ser um novo partido", ainda que saiba que só partidos políticos podem disputar essas eleições. A questão é que, não pretendendo "ser um novo partido", afirma também que "não será por razões jurídicas, com certeza, que isto não avança".
Perceberam, não perceberam?
É claro que um tal "manifesto patriótico", depois de ignorar olimpicamente a força política de Esquerda que mais força política, social e eleitoral tem ganho, o PCP, só poderia ter a ambição de colocar o PS como seu principal interlocutor. Tudo, pasme-se, para tentar evitar que o PS seja o que sempre foi, é e não se perspectiva que deixe de ser: a reserva de boa consciência social do regime que, sempre que necessário, estende a mão, em nome do supremo "interesse nacional", claro está, dos partidos da direita - atente-se, só para recordar o caso mais recente, no acordo de regime incidente sobre a reforma do IRC.
Não são só os partidos que são "instrumentais". A "unidade" e as "convergências" também o são, isto é, representam instrumentos ou plataformas potencialmente mais eficazes, porque mais vastas, aglutinadoras e mobilizadoras, para a execução de um programa político. Portanto, o essencial mesmo é o programa e é em seu torno, e não o contrário, que gravitam todas as outras questões.
Por isso mesmo é que nas próximas eleições Europeias "as convergências" não se podem cingir à consensualização da necessidade da nossa própria unidade ou há rejeição simples da austeridade. Não há como fugir dos problemas. A austeridade é o nosso grande problema, pois é. Mas há forma de a desconstruir ideologicamente e de a combater, em sede de eleições europeias, sem se dar uma resposta clara sobre o modelo de União Europeia defendido - se é que se a defende -, ou sobre a nossa manutenção ou saída do Euro? Dos manifestos espera-se que representem "coligações negativas" onde se diz: "por aqui não vamos". De um partido e de uma lista candidata às Europeias espera-se mais do que isso: exige-se um programa. É essa unidade que é necessária.