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Há 9 meses que este blog não é atualizado. Estou convicto que o seu pressuposto se mantém e relembro que esse pressuposto seria a luta de classes que não perderia o foco sobre quem é amigo ou inimigo, aliado ou rival. E também não esquecia nem escondia de onde vínhamos, onde estamos e para onde queríamos ir. Nem escamoteava divergências, nunca deixando de as respeitar.
No entanto e no seguimento dos resultados das últimas eleições autonómicas e municipais do Estado Espanhol, notei alguns comportamentos e reações, ou ausências delas, algo esquisitas. E a partir daqui terei que confrontar algumas pessoas, amigas e aliadas, para certas contradições que, no meu entender, são inaceitáveis para o sucesso da tal da luta de classes.
O Podemos, coligado ou com potencial de fazer acordos com outras forças políticas de esquerda ou ditas de - esquerda - ganhou Madrid, Barcelona, Compostela e Corunha nas eleições autonómicas e municipais do Estado Espanhol.
Em Portugal tivemos o esquerda.net, portal do Bloco de Esquerda, a publicar 3 notícias relevantes: sobre a vitória de Ada Colau da Coligação Barcelona em Comú, dependente de potenciais acordos com outras forças de esquerda e/ou nacionalistas para obter uma maioria absoluta; de Martiño Noriega da coligação Compostela Aberta em Santiago e Xulio Ferreiro da Coligação Marea Atlantica da Corunha, nas mesmas condições.
Acrescente-se uma possibilidade avançada pelo El País: Manuela Carmena, da coligação Ahora Madrid pode vir a ter o apoio do PSOE para formar uma maioria em Madrid, apesar de terem sido a segunda força (atrás do PP).
Isto representa, de facto, uma hecatombe no sistema bipartidário esapanhol, como disse Pablo Iglesias.
Voltando a Portugal, tivemos várias sensibilidades de esquerda que se reivindicaram herdeiras ou entusiásticas apoiantes do Podemos, partido envolvido em todas as coligações supra-citadas. Passo a descrever as reações das principais pessoas envolvidas neste processo, através dos seus status do facebook.
Nuno Ramos de Almeida, amigo e aliado, anunciou com entusiasmo a possibilidade de listas com o Podemos ganharem Madrid e Barcelona, horas antes de se saberem os resultados definitivos. Mas ficou-se por aí.
Renato Teixeira, amigo e aliado, vai de férias com Tom Waits, mas promete voltar em Julho.
Raquel Varela, amiga e aliada, preocupa-se com a educação das crianças no programa Barca do Inferno.
Joana Amaral Dias, amiga, aliada e candidata a deputada pela coligação PTP / Agir demonstrou-se preocupada por estar outra vez sem telefone.
Gil Garcia, amigo e aliado do MAS, potencial candidato pelo partido "Juntos Podemos", não tem nada a dizer-nos desde 20 de Maio.
João Labrincha, amigo, aliado, organizador da manifestação Que Se Lixe a Troika e potencial candidato pelo partido "Juntos Podemos", diz que o podem conhecer melhor numa página chamada Dreamocracy.
Rui Tavares anunciava a sua entrevista à RTP2, Ana Drago e Daniel Oliveira apelavam à participação nas primárias do LIVRE.
Relembro que todos estes amigos e aliados tentaram (talvez alguns ainda o estejam a tentar) disputar em Portugal a herança do PODEMOS. Alguns tentaram mesmo criar um partido, mas após muitas divergências e acusações mútuas, aparentemente nenhum concretizará tal fetiche.
Com a aproximação das eleições legislativas em Portugal, não podemos deixar de fazer a velha pergunta: Será que não é mais importante aquilo que nos une do que o que nos separa? E não será o PODEMOS um objecto de inspiração ao mesmo tempo que de reflexão sempre crítica, no mais fraternal espírito da esquerda?