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O que é o liberalismo económico?

por Hugo Ferreira, em 21.10.13

O liberalismo económico é fácil de explicar se para isso nos socorrermos da nova lei do arrendamento: justificar todas as opções (ideológicas) tomadas com recurso a uma ideia vaga, abstracta e distante de liberdade e de reforço da autonomia dos sujeitos (no caso do arrendamento do inquilino e do senhorio) e da própria sociedade civil em face do Estado.


Pararelamente, ignorar propositadamente os diversos pontos de partida dos múltiplos sujeitos e, por consequência, as desiguais condições para atingir um ponto de chegada que se pretende comum. Resumindo: fazer «tabula rasa» das estruturas da sociedade realmente existente, isto é, aquela onde diferentes papeis desempenhados na produção material correspondem a distintos lugares ocupados na organização social. Exemplo na "lei das rendas": a fixação do valor das rendas passa a efectuar-se, por princípio, através da "livre" negociação das partes, secundarizando-se os critérios de interesse público.

Pergunta-se: sendo o problema da habitação de tal maneira estruturante e decisivo para a nossa vida (ainda por cima nestes tempos que vivemos...) é justo colocar a matéria mais decisiva do mercado de arrendamento - a fixação das rendas - nas mãos de partes - inquilino e senhorio - com poderes de negociação manifestamente tão desiguais? Que assim é, basta atentar no exemplo desta notícia.


Salvaguardando as devidas diferenças, façam um raciocínio semelhante em matérias como a saúde, educação, transportes e outros e digam lá se não chegam à mesma conclusão que eu: a liberdade, se dissociada de outros valores como a igualdade, a solidariedade e a justiça não se diferencia da opressão típica da lei da selva. É isso mesmo o liberalismo. 

Toda a minha solidariedade a estes colegas da República 5 de Outubro.

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publicado às 21:52


16 comentários

De Jorge Mattos a 19.01.2014 às 13:33

"Na minha visão o liberalismo é uma ideologia que favorece o mérito e desfavorece os preguiçosos."
Discordo em larga medida desta sua afirmação. Desde logo se nos reportarmos à Sociedade e ao país em que vivemos.Senão vejamos:quantos são aqueles que em Portugal se conseguem impôr com base no seu mérito pessoal?Muito poucos.A falta de oportunidades continua a ser a mais crua realidade para muitos.Para além do mérito é necessária uma oportunidade para que este se revele e se afirme. E as oportinidades estão alcance de uns quantos felizardos. Não é por acaso que os estudos sociais nos demonstram que uma percentagem significativa daqueles que obtém emprego o fazem recorrendo a esquemas de nepotismo.Recordo-me que certa vez o sociólogo Pacheco Pereira disse aos microfones da TSF que mais de 90% dos empregos em Portugal se conseguiam por cunha.Penso que ninguém o poderá acusar de falta de isenção neste domínio.Aliás , o liberalismo não pune apenas os preguiçosos.Exclui socialmente também aqueles que não puderam nem conseguiram, seja porque razão for, demonstrar os seus méritos pessoais.

De Anarca a 21.07.2014 às 09:49

"Senão vejamos:quantos são aqueles que em Portugal se conseguem impôr com base no seu mérito pessoal?"
Portugal não é liberal. É socialista há 100 anos.

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