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Crato, o doutor exigência e a prova absurda

por carlos carujo, em 20.07.14

 

Crato era o doutor exigência com a missão de exterminar o facilitismo. Era na prova que pretende obrigar os professores a fazer que ia demonstrar o seu excesso de zelo: os professores deveriam ser avaliados uma segunda vez pelos mesmos conteúdos porque a avaliação feita por uma instituição universitária regulada pelo Estado não era suficiente.

Afinal, em vésperas da sua realização, a «prova de avaliação de conhecimentos e capacidades» é amputada da sua componente específica (a que avaliaria os conhecimentos disciplinares necesssários para a realização do seu trabalho) e apenas resiste a componente geral, algo ridículo que só se pode descrever como estando a meio caminho entre uma espécie de PGA e um teste de QI abrutalhado para professores. É um remendo temporário, diz-se, mas é significativo. E é mais uma ocasião para perceber que o discurso da exigência é tantas vezes instrumentalizado por várias outras causas. O que interessa é mesmo realizar a prova e excluir, não o que é avaliado.

A culpa de todos os males da educação era do eduquês vazio de conteúdos disciplinares sérios, não era dr Crato?

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publicado às 22:20


4 comentários

De Rui a 21.07.2014 às 23:14

Não percebo tanto alarido. Todos os dias somos avaliados tanto profissionalmente como no quotidiano , no dia a dia. Os professores estão acima disso porquê? Deveriam estar excluídos por algum motivo em particular? Tem algo a esconder?
Só vejo como motivo, o receio de serem confrontados com a incompetência.
Há professores que muito sinceramente, deveriam fazer juntamente com os alunos as provas globais.
Também sugeria um acompanhamento psicológico e psiquiátrico enquadrado à necessidade de cada um.

De Benetida a 22.07.2014 às 02:31

Em dezembro dia 18, já dentro da sala e depois da chamada assinei presença, mas fui impedida de realizar a prova alheia à minha vontade apesar de ser contra esta, e pedi na secretaria uma declaração de presença. Agora, não consto na lista e fui excluída de realizar esta prova ficando deste modo impossibilitada de concorrer sem ter culpa nenhuma. Será isto justo? Fica a conotação de que tive receio e não fui fazer a prova o que não é verdade. Tenho 17 anos de percurso académico e fui por diversas vezes avaliada em contexto de sala de aula com menções de Bom a Excelente. Agora, será coerente uma prova de 90 minutos averiguar a nossa competência para ensinar? Ser professor, além de vocação, é ter conhecimento científico, saber transmitir esses conhecimentos de forma clara e objectiva, saber ouvir, ter empatia para com os alunos, ter valores éticos e transmiti-los pelo exemplo nas suas atitudes e falas. Mas todo este conhecimento de "carga subjectiva" e por vezes inerente (vocação), adquirido ao longo de 17 anos e validado por Instituições de Ensino acreditadas não conta? Todo este investimento é posto em causa em 90 minutos? Se suspeitam da nossa competência logo formação dada nestas Instituições, então porque não começar pela raiz porque não uma PACC para os professores de ensino superior que formam os professores? Tem-se vindo a fazer propaganda que esta prova é realmente essencial e a opinião pública apoia de boa fé porque desconhece de facto as verdadeiras razões para tal prova. Não têm consciência que esta não tem qualquer utilidade a não ser afastar professores dos concursos. Esta prova é absurda quer no seu modelo quer nas suas circunstâncias.

De carlos carujo a 22.07.2014 às 12:55

Rui, o seu comentário levanta-me várias objecções.
- Parte do pressuposto de que os professores não são avaliados ou não o querem ser. Por muito que seja útil ao Ministro da Educação que tal mensagem passe, ela não é verdadeira. Já existia um sistema de avaliação de professores antes de se impor este novo modelo de que tanto falou. Rejeitar um modelo será diferente de rejeitar a avaliação.
- Confunde avaliação do desempenho com esta prova. Os professores que são obrigados a fazer esta prova foram avaliados nas Universidades e Escolas Superiores pelos seus conhecimentos e são avaliados sempre que estão colocados (ou seja, já foram avaliados várias vezes).
- Recorre a perguntas retóricas que são, no fundo, ataques aos professores: quem se opõe a uma determinada medida só pode «ter algo a esconder» e esse algo é incompetência, os professores julgam-se acima dos outros.
- Termina da pior forma. Apesar de candidamente, introduz o estigma da loucura para discutir uma profissão, o que nunca é bom ponto de diálogo. Sugere-se «um acompanhamento psicológico e psiquiátrico» aos professores por alguma razão em particular? É a única profissão onde esse acompanhamento é necessário? Essa questão relaciona-se de que forma com a questão da avaliação e da prova? é que nem uma nem outra são testes psicológicos ou avaliações psiquiátricas.
- Sobre o fundo da questão colocada (a prova, o que avalia e porque seria necessária) nada se diz.

De carlos carujo a 22.07.2014 às 13:03

Benetida, concordo com tudo o que escreve. Ao que sei mais pessoas que não realizaram a prova foram excluídas desta. Não sei se como vingança, se para virar uns contra outros ou por pura e simples incompetência. Necessitará de acompanhamento jurídico para se proteger dessa situação.

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