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Unidade da Esquerda, quem decreta?

por Hugo Ferreira, em 17.12.13

 

 

 

Não se questionam as boas intenções e a genuína preocupação com a situação da Europa, do País, das classes trabalhadores e da Esquerda que estas movimentações revelam. Por outro lado, também não se questiona que esta pudesse ser uma boa resposta da Esquerda ao seu estado actual de refluxo. O que verdadeiramente me deixa de pé atrás é, uma vez mais, o processo - o processo é, por vezes, bem revelador dos pressupostos materiais e programáticos em que assentam os projectos... 
Quer dizer: este neo-sebastianismo redentor da esquerda discutido, preparado, decidido e executado sempre nos corredores, sempre pelas mesmas elites - ou as comissões, políticas ou organizativas, ou as tais "personalidades da vida pública nacional" - que negam autocompreender-se como "vanguarda", mas que se comportam, de facto - ainda que de forma incompetente -, como tal. 

No fundo, o que mais me preocupa é a generalização, no «senso comum do povo da esquerda», da ideia de que os nossos problemas têm origem, sobretudo, em conflitos menores de personalidades, na falta de "vontade das direcções partidárias e seus aparelhos em construir a unidade". O problema desse diagnóstico não é apenas a sua incorrecção - melhor dizendo, a sua correcção parcial-, mas sim as consequências da sua assunção junto do "povo de esquerda".

O que divide hoje a esquerda, sobretudo em questões Europeias, não são as "intenções desconexas" dos seus principais dirigentes, mas antes questões políticas de fundo. Será possível construir uma lista unitária de Esquerda que junte Federalistas - como Rui Tavares e muitos sectores próximos do PS-, defensores da saída de Portugal do Euro - como se depreende deste importantíssimo texto do João Rodrigues, Nuno Teles e Alexandre Abreu (já nem falo das dificuldades em integrar o PCP) - e o Bloco que, estagnado no seu abstracto e imperceptível "Europeísmo de Esquerda", se afirma contra o Federalismo e, por enquanto (?), contra a saída do Euro? 

Possível é sempre - então com eleições à porta... -, mas não me parece que uma unidade assim alicerçada pudesse subsistir durante muito tempo. É que, convém sempre recordar, a durabilidade dessa unidade, porque inserida num contexto político e ideológico de uma pluralidade complexa, como atrás de notou - não se garante com esta ou com aquela "personalidade federadora".

Acredito e espero que deste importantíssimo debate sairão conclusões, clarificações e ajustamentos à Esquerda. Espero é que surjam não pelas eleições, mas apesar delas.

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publicado às 11:12




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