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Indignidade parlamentar

por Hugo Ferreira, em 14.03.14

 

 

Não vou repetir o que aqui já disse muitas vezes sobre o perigo democrático, na acepção ampla de democracia - social, cívica, económica, cultural e política - que actual maioria de direita representa.

 

Para @ cidadã/o comum, mais ou menos militante, mais ou menos esclarecid@ sobre a questão em apreço, a grande lição a retirar deste processo é, do meu ponto de vista, a seguinte: a golpada parlamentar, a brincadeira aos referendos inconstitucionais - mero instrumento institucional para sonegar preconceitos antigos - compensa. E isso é tão ou mais destrutivo para o sistema democrático, como a indignidade d@s deputad@s que dão o dito pelo não dito, que mudam o seu anterior sentido de voto por pressões da sua direcção partidária ou @s que, pura e simplesmente, pelo mesmo motivo, se ausentam cobardemente desta votação.

 

Mas a crise do sistema democrático é coisa abstracta, de resolução, se o for, de médio e longo prazo. Bem pior, porque concreta e com impacto no dia a dia, é a situação das famílias a quem este projecto-lei se dirigia - aquelas de carne e osso, as realmente existentes, e não aquelas que os livros do Estado Novo preconizavam - que vêem o maioria parlamentar, e por isso o Legislador, impedir, com este chumbo, que uma solução legislativa, ténue e talvez insuficiente, mas uma solução, lhes dignificasse e melhorasse a vida. E isso é imperdoável.

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publicado às 14:46

Um perigo público chamado JSD

por Hugo Ferreira, em 17.01.14

Desde o primeiro dia em que lidei, na faculdade, com militantes da JSD - excepto dois ou três casos - que tive a noção do perigo que representavam para o progresso e o desenvolvimento do país. Trata-se de uma organização, hoje mais até que a JP, que federa uma coligação de jovens absolutamente desligados do quotidiano comum - e isso, em boa parte, tem que ver com a sua origem social - guiados pelo conservadorismo/reacionarismo mais obtuso e pelo oportunismo/carreirismo mais rasteiro que já lidei. Para el@s, como senti na pele várias vezes, vale tudo.

 

Para os "menos esclarecidos" importa, sobretudo, "safarem-se" na vida - e hoje, institucionalizada que vai sendo a lei da selva para quem procura uma oportunidade de emprego, isso consegue-se com as Jotas (JS e JSD). Nas Jotas a inteligência e o "mérito" são ferramentes discursivas "para fora", porque "lá dentro" é a subserviência e o seguidismo quem dita as regras. Para estes jotinhas que "apenas" se querem "safar na vida", ganhar uma Associação de Estudantes é um sonho, não pelas ideias que defendem ou pelo projecto que pretendem executar, mas porque o ser-se "dirigente associativo" significa estar mais próximo de um lugar na administração pública - numa junta de freguesia, numa câmara ou empresa municipal, etc.- ou na vastíssima rede empresarial que vive colada e/ou que é dependente do Estado.

 

Bem diferente é a situação do "sector bem pensante" da JSD. Aqui há uma profunda consciência do que se está a fazer. Estão concentrados, grosso modo, nas áreas de Economia, Gestão e Direito, e norteiam-se por um (contra-)revolucionarismo delirante. Combatem, sem pestanejar, todos os exemplos concretos de solidariedade colectiva com que se deparam e todas as aspirações igualitárias que no dia a dia se manifestam. Para el@s, a solidariedade e a igualdade, não são critérios ordenadores nem objectivos a alcançar pelas sociedades, mas apenas um fardo que o século XX nos legou e que urge liquidar.

 

Num mundo de agentes racionais focados na eficiência suprema, num mundo de empreendedores, de gestores hiperactivos na busca do lucro absoluto, um ser humano que não consegue ser na sociedade mais do que um funcionário público, um trabalhador por conta de outrem, um cientista social ou um desempregado "não tem o direito de reclamar parcela alguma de justiça". Não cria valor e no grande banquete da natureza não há lugar para ele. "A natureza intima-o a sair e não tarda em executar essa intimação". É este raciocínio, uma mistura de liberalismo delirante e de pragmatismo malthusiano, que orienta toda a sua actuação.

 

No fundo, el@s sabem que a vida em sociedade é uma Luta e têm consciência que a estão a ganhar.

 

Hoje quiseram mostrar-nos a sua força. Amanhã mostraremos a nossa.

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publicado às 17:00

Perigos de um referendo ilegítimo

por João Mineiro, em 16.01.14

 

 

Hoje um bando da JSD leva ao parlamento uma proposta pra referendar a adopção e a coadopção por parte de casais homossexuais. Apetecia-me chamar-lhes os piores nomes, porque o que a JSD e o PSD com a sua disciplina de voto estão a propor é uma manobra completamente autoritária e antidemocrática.

Em primeiro lugar, mesmo não estando em discussão, a JSD quer amarrar a adopção plena à coadopção. De facto, não há nenhuma proposta de adopção em cima da mesa e a JSD quer misturar tudo por razões estratégias.

Em segundo lugar, a JSD está a tentar bloquear durante anos a conquista da adopção e da coadopção. É que propondo um referendo e legitimando que uma maioria possa vedar os direitos a uma minoria, a direita, se ganhar o referendo, amarra durante anos a sociedade a esta escolha completamente ilegítima.

Depois de ter sido aprovada no parlamento a coadopção, a JSD tentou com este referendo subverter a votação que aconteceu e sobretudo arranjar um mecanismo que amarre a sociedade durante anos sobre este assunto. O referendo é uma estupidez. E há muita gente no PSD que também o sabe. Por isso, a ser aprovado resta-nos todas as alternativas: apelar ao veto do presidente, ir tribunal constitucional, fazer o que for necessário.

 

Numa altura em que o Governo prepara mais austeridade e cortes estado social com o programa cautelar, a JSD está a tentar uma coisa simples: deixar que uma deriva homofóbica divida a sociedade, afastar o debate e a polémica do roubo que o governo está a fazer e deixar a sociedade presa a um referendo ilegítimo.

 

É preciso travá-los. 

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publicado às 09:44




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