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Vemo-nos em Alcântara amanhã, ou não?

por danidapenha, em 19.10.13

Estou agora a chegar a casa e o céu, iluminado por uma trovoada digna de filme de terror, ameaça borrasca da grossa. Diria que vem aí chuva e QUASE tão violenta e grossa como as críticas que têm caído sobre a CGTP desde o anúncio de mudança do percurso da marcha de amanhã.

E se chuva em Outubro não me espanta, o mesmo não posso dizer do segundo facto aqui referido. Como ponto de partida, acho que podemos todos concordar que este anúncio acabou por ter um efeito fabuloso e muito prometedor para a esquerda portuguesa que se assume anti-capitalista e verdadeira alternativa. Senão, repare-se: não faz uma semana, e Portugal era um país com um povo simpático, bonacheirão até, que pouco vota, e se o faz é maioritariamente à direita, não faz greves, não vai a manifs, nem refila no trabalho, porque isto da política só está bom é para "eles" e a nós só nos dá chatices. Dá-se o anúncio na Terça-Feira e a epifania acontece. Afinal, nada disto era verdade. Afinal, Portugal é constituido por uma horda de revolucionários prontos e só à espera do sinal da CGTP para avançarem pela ponte, tomarem São Bento e só pararem no Palácio de Inverno.

Compreendo a desilusão de muitos, até porque eu próprio a senti. Apesar de muito vacilante, achei que marchar pela Ponte 25 de Abril era possível. Mas, a verdade é que a decisão foi outra. E por mais que se discorde, considero que criticar até à exaustão a alteração, procurando mesmo esvaziar de conteúdo o protesto de amanhã é um claro sintoma do mal que dificilmente largará muita esquerda portuguesa. A decisão é mais do que legítima e facilmente justificável por quem a tomou.

 

Não estamos a falar de movimentos inorgânicos, lançados por meia dúzia e acompanhados por dezenas ou por centenas de milhares de pessoas consoante o tempo de antena que as televisões e as redes sociais lhes dão. Não estamos a falar de movimentos criados na semana passada, cuja capacidade de mobilização é quase exclusiva entre jovens adultos de formação superior. Estamos a falar de uma central sindical que representa mais de 700.000 trabalhadores. Estamos a falar de um movimento que mobiliza dezenas de milhares de pessoas de cada vez que sai à rua. Mulheres e homens com graus de comprometimento muito variáveis, de todas as idades, de todas as profissões e que estão longe de imaginar que, ao sair para uma manifestação, vão acabar varridas a cassetete por polícias raivosos.

Ora, por mais urgente que seja um verdadeiro abalo, uma verdadeira revolução perante a situação que assola o país, enviar toda esta gente para a linha da frente do conflito e ver no que dá, seria uma irresponsabilidade da qual não me orgulharia. E sejamos claros, o cenário estava montado para o pior. E mesmo não acontecendo o pior, o menor dos incidentes teria repercussões imensas sobre quem estava a organizar o protesto.

E posto isto, sei bem onde vou estar amanhã. Passarei a Ponte e lá estarei em Âlcantara, pelas 15h. E depois no Domingo e na Segunda e por aí adiante, no bairro, na freguesia, na empresa, na rua. E depois dia 26, no Rossio. E depois onde for preciso estar...

 

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