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Não vou repetir o que aqui já disse muitas vezes sobre o perigo democrático, na acepção ampla de democracia - social, cívica, económica, cultural e política - que actual maioria de direita representa.
Para @ cidadã/o comum, mais ou menos militante, mais ou menos esclarecid@ sobre a questão em apreço, a grande lição a retirar deste processo é, do meu ponto de vista, a seguinte: a golpada parlamentar, a brincadeira aos referendos inconstitucionais - mero instrumento institucional para sonegar preconceitos antigos - compensa. E isso é tão ou mais destrutivo para o sistema democrático, como a indignidade d@s deputad@s que dão o dito pelo não dito, que mudam o seu anterior sentido de voto por pressões da sua direcção partidária ou @s que, pura e simplesmente, pelo mesmo motivo, se ausentam cobardemente desta votação.
Mas a crise do sistema democrático é coisa abstracta, de resolução, se o for, de médio e longo prazo. Bem pior, porque concreta e com impacto no dia a dia, é a situação das famílias a quem este projecto-lei se dirigia - aquelas de carne e osso, as realmente existentes, e não aquelas que os livros do Estado Novo preconizavam - que vêem o maioria parlamentar, e por isso o Legislador, impedir, com este chumbo, que uma solução legislativa, ténue e talvez insuficiente, mas uma solução, lhes dignificasse e melhorasse a vida. E isso é imperdoável.
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Contra mim falo…
Não encontrei vontade de sair ao Coliseu e dizer aos pulhas que espalham desemprego, miséria e desespero que já basta de falarem com se representassem outra coisa que não a ganância sem limpidez e impiedosa dos especuladores e capitalistas, a raiva de desforra de outros tempos tornados “modernos e inevitáveis” pela “realidade” que tece a irracionalidade de um sistema económico brutal e triturante de meios de produção apropriados por uma minoria e recursos naturais espoliados na presente e futuro para exclusive benefício de uns quantos.
A esquerda institucional, ao que parece, acha que o "respeitinho é muito bonito"...
e presumo que a outra deu-lhe o mesmo que a mim...
Sim, as hienas riem… mas reconheço que nós deixamos elas rir.
Até quando?
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Hoje um bando da JSD leva ao parlamento uma proposta pra referendar a adopção e a coadopção por parte de casais homossexuais. Apetecia-me chamar-lhes os piores nomes, porque o que a JSD e o PSD com a sua disciplina de voto estão a propor é uma manobra completamente autoritária e antidemocrática.
Em primeiro lugar, mesmo não estando em discussão, a JSD quer amarrar a adopção plena à coadopção. De facto, não há nenhuma proposta de adopção em cima da mesa e a JSD quer misturar tudo por razões estratégias.
Em segundo lugar, a JSD está a tentar bloquear durante anos a conquista da adopção e da coadopção. É que propondo um referendo e legitimando que uma maioria possa vedar os direitos a uma minoria, a direita, se ganhar o referendo, amarra durante anos a sociedade a esta escolha completamente ilegítima.
Depois de ter sido aprovada no parlamento a coadopção, a JSD tentou com este referendo subverter a votação que aconteceu e sobretudo arranjar um mecanismo que amarre a sociedade durante anos sobre este assunto. O referendo é uma estupidez. E há muita gente no PSD que também o sabe. Por isso, a ser aprovado resta-nos todas as alternativas: apelar ao veto do presidente, ir tribunal constitucional, fazer o que for necessário.
Numa altura em que o Governo prepara mais austeridade e cortes estado social com o programa cautelar, a JSD está a tentar uma coisa simples: deixar que uma deriva homofóbica divida a sociedade, afastar o debate e a polémica do roubo que o governo está a fazer e deixar a sociedade presa a um referendo ilegítimo.
É preciso travá-los.
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Tive a profunda infelicidade de cruzar-me, por intermédio de um contacto meu, com um post daquela fígura impar da nacional-legislatice chamada Duarte Marques. Não satisfeito de ter levado o bigode da década por parte da Ana Drago, vem hoje tentar encantar mais alguma da juventude social-democrata feminina, certamente ávida de herois e de futuros suspeitos de violência doméstica, afirmando a propósito de um dos manifestantes nos protestos de hoje, o Miguel Reis, que (e cito)
"Porque será que são sempre os mesmos? Cá está o Miguel Reis outra vez. Eu quando apareço digo que sou do PSD, estes tipos do Bloco de Esquerda ou do PCP escondem sempre a filiação. Cá está o Miguel, habitué destas coisas. Invasões, manifs e interrupção de conferências. Tudo teatro bem montado. Este na foto já é mais conhecido que a Catarina Martins do BE"
Comecei por tentar ser leve na resposta, até por me parecer que um discurso elaborado falharia claramente o objectivo de tornar-se útil a Duarte Marques. Desse modo, e ainda num tom construtivo e conciliatório, expliquei que muitas pessoas no próprio PSD preferiam que pessoas como Duarte Marques não se afirmassem do PSD, dado existirem limites para o que podemos considerar "boa publicidade" vinda da "má publicidade".
Contudo, firmemente convicto - como sempre nos tornamos quando nos habituamos à adulação da audiência típica das fábricas de condicionamento mental a que chamamos juventudes partidárias - da sua (vamos chamar-lhe assim) "razão", Duarte Marques entendeu responder a uma outra crítica à sua legitimidade para exercer o cargo de deputado que a todos nos custa o que custa, em que era questionado directamente sobre uma eventual prova de acesso que tenha feito para esse exercício. Respondeu o seguinte:
"não maior prova que aprovação em democracia, pela voz do povo que tantos fingem representar. Por outro lado, o que está aqui em questão não é a prova. Eu próprio considero que a solução poderia ser outra. A questão é o comportamento anti-democrático daqueles que impedem os outros de fazer a prova, daqueles que impedem de trabalhar quem não quer fazer greve. Isso não é respeitar a liberdade".
Muito bem. Ainda que eu tenha toda a consideraçao pelos défices cognitivos dos outros, e me mova a maior compaixão por todos aqueles a quem a constante adulação acrítica convenceu de talentos inexistentes, há duas notas que entendi fazer, e que dirigi directamente a Duarte Marques, como devemos fazer sempre que algo na conduta dos outros nos incomoda:
- não requer particular elaboração compreender que o fenomeno eleitoral em portugal, sobretudo em partidos catch-all como o PSD pretende ser, inclui dinamicas de protesto (o mesmo de que acusam cronicamente o BE) ao ser apresentado como "alternativa a Sócrates", e inclui dinamicas de voto por hábito. A qualquer uma destas duas práticas o conhecimento dos elementos constantes de uma lista, como é o caso de Duarte Marques, é nulo. Logo, a sua legimitidade enquanto "aprovação em democracia" é, basicamente, nula. A menos que estivessemos em processos eleitorais no formato dos circulos uninominais, é um argumento falho de verdade (e de inteligencia) dizer-se representante de pessoas que, objectivamente, não o conhecem e não fizeram por escolhe-lo directamente.
- se é anti-democrática a conduta que impede ou previne outrém de agir, calculo que tenha de afirmar-se pela liberdade da população portuguesa cuja vida diária passou a excluir diversas actividades por acção consciente e premeditada do governo. No mesmo plano está usar o resultado de uma prova imbecil (com questões absolutamente absurdas para a aferição da competencia pedagogica, como uma soma de merceeiro) para impedir o acesso à profissão das mesmas pessoas a quem a entrada nos quadros já é uma miragem por acção ou conivencia legislativa social-democrata. Questão de pura lógica.
Portanto, como o Duarte escreveu tentando ser tão eloquente como um slogan de produtos para a higiene intima, o que o governo faz "não é respeitar a liberdade". Fico, pois, a aguardar o seu grito de Ipiranga. Afirme-se, Duarte: afirme-se. Ou então seja empreendedor, siga a sugestão do seu lider, e aproveite a oportunidade da migração para nos beneficiar com a sua ausencia.
E pronto, era só isto.
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Não seu o que é pior. Se é termos de ser representados por um pokemon em vias de extinção como o ilustre Bruno Maçães. Ou se é ter como candidato substituto "de esquerda" o não menos raro na fauna portuguesa Eurico Brilhante.
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