Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
A vida corre bem para o Governo. Conseguiram vencer o braço de ferro com a CGTP e impedir aquela que seria uma manifestação histórica. Conseguiram dividir a Esquerda, os sindicalistas e os trabalhadores que agora estão concentrados ou em críticas ou em defesas da CGTP. E como se não chegasse, com o mediatismo da polémica da ponte ainda conseguiram abafar a visibilidade da próxima manifestação de dia 26 de Outubro.
Tudo corre bem nas estratégias de comunicação do Governo, as iras vão-se dispersando.
Mas independentemente de hoje, mais que nunca, ser preciso olhar para a frente, a CGTP não pode ficar isenta de críticas. Não alinho na crítica antissindical mais primária que vê na organização o principal bloqueio para o suposto espontaneísmo das massas. A luta faz-se com organização, nos sindicatos, nas associações, nos coletivos. Mas é indefensável que a CGTP se dê ao luxo de abdicar assim de tanta resistência, de tantos solidados e soldadas e de força hegemonia acumulada.
A força que a manifestação teria seria imensa. E tendo o Governo proibido a manifestação e a CGTP escolhido como estratégia (e bem) levar o confronto até ao fim, não teria outra hipótese que não assumir o conflito e convocar uma concentração para o pé da ponte e colocar 100 mil pessoas com faixas, bandeiras e palavras de ordem em frente às barreiras policiais.
Seria um país contra um bloqueio. Um país contra o Governo. Um país contra a Troika.
A imagem de um país que se levanta contra a censura política da manifestação e contra o Governo e a Troika seria uma imagem de luta e força imensa, ao invés de uma manifestação sobre rodas, que se divide em opiniões e críticas. O Governo ganha a batalha, nós perdemos todos.
Dito isto a crítica não pode esvanecer a estratégia para os combates. Há manifestações por construir. Há um protesto no porto de alcântara, há concentração da CGTP e há uma manifestação dia 26 de Outubro promovida pelo Que se Lixe a Troika que ainda tem imensa capacidade de mobilização e que ainda tem relação de forças para se transformar num protesto de massas.
Teremos de nos encontrar por aí. É a nossa única opção. Estes tempos de podridão não nos exigem menos que isso.