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Um perigo público chamado JSD

por Hugo Ferreira, em 17.01.14

Desde o primeiro dia em que lidei, na faculdade, com militantes da JSD - excepto dois ou três casos - que tive a noção do perigo que representavam para o progresso e o desenvolvimento do país. Trata-se de uma organização, hoje mais até que a JP, que federa uma coligação de jovens absolutamente desligados do quotidiano comum - e isso, em boa parte, tem que ver com a sua origem social - guiados pelo conservadorismo/reacionarismo mais obtuso e pelo oportunismo/carreirismo mais rasteiro que já lidei. Para el@s, como senti na pele várias vezes, vale tudo.

 

Para os "menos esclarecidos" importa, sobretudo, "safarem-se" na vida - e hoje, institucionalizada que vai sendo a lei da selva para quem procura uma oportunidade de emprego, isso consegue-se com as Jotas (JS e JSD). Nas Jotas a inteligência e o "mérito" são ferramentes discursivas "para fora", porque "lá dentro" é a subserviência e o seguidismo quem dita as regras. Para estes jotinhas que "apenas" se querem "safar na vida", ganhar uma Associação de Estudantes é um sonho, não pelas ideias que defendem ou pelo projecto que pretendem executar, mas porque o ser-se "dirigente associativo" significa estar mais próximo de um lugar na administração pública - numa junta de freguesia, numa câmara ou empresa municipal, etc.- ou na vastíssima rede empresarial que vive colada e/ou que é dependente do Estado.

 

Bem diferente é a situação do "sector bem pensante" da JSD. Aqui há uma profunda consciência do que se está a fazer. Estão concentrados, grosso modo, nas áreas de Economia, Gestão e Direito, e norteiam-se por um (contra-)revolucionarismo delirante. Combatem, sem pestanejar, todos os exemplos concretos de solidariedade colectiva com que se deparam e todas as aspirações igualitárias que no dia a dia se manifestam. Para el@s, a solidariedade e a igualdade, não são critérios ordenadores nem objectivos a alcançar pelas sociedades, mas apenas um fardo que o século XX nos legou e que urge liquidar.

 

Num mundo de agentes racionais focados na eficiência suprema, num mundo de empreendedores, de gestores hiperactivos na busca do lucro absoluto, um ser humano que não consegue ser na sociedade mais do que um funcionário público, um trabalhador por conta de outrem, um cientista social ou um desempregado "não tem o direito de reclamar parcela alguma de justiça". Não cria valor e no grande banquete da natureza não há lugar para ele. "A natureza intima-o a sair e não tarda em executar essa intimação". É este raciocínio, uma mistura de liberalismo delirante e de pragmatismo malthusiano, que orienta toda a sua actuação.

 

No fundo, el@s sabem que a vida em sociedade é uma Luta e têm consciência que a estão a ganhar.

 

Hoje quiseram mostrar-nos a sua força. Amanhã mostraremos a nossa.

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publicado às 17:00


3 comentários

De J Costa a 17.01.2014 às 23:27

Há o caso especial das universidades privadas, com interesse especial em garantir a clientela de estudantes e em que os dirigentes associativos começam logo por serem associados às redes de influência das entidades proprietárias das universidades.

De Francisco a 18.01.2014 às 00:26

Hugo estás coberto de razão!
Também quando andava na luta estudantil várias vezes me pus a pensar "o que será deste país quando esta malta chegar ao poder", jogam pelo vale tudo mais rasteiro, metem sem problema nenhum, intrigas mesquinhas e maldosas, manipulação... No meu tempo até manipularam o assassinato de um jovem estudante para alavancar a campanha do Santana Lopes a Lisboa (entre mil e uma outros esquemas, incluíndo desvio de fundos) enfim, já desabafei aqui
http://5dias.wordpress.com/2014/01/17/jsd-e-jp-o-esgoto-a-ceu-aberto-da-republica/

Depois o que dizes de não terem noção nenhuma da realidade é bem verdade, lembro-me de uma discussão que tive num ENDA com uma dessas aventesmas, às páginas tantas virei-me para ele e disse "mas tens consciência que a maior parte dos jovens nem vai para o ensino superior?" o tipo ficou a olhar para mim com um ar estupefacto... isso não lhe tinha mesmo nunca passado pela cabeça...

Depois à o outro espécime que descreves bem, aquilo que eu chamo de "direita sociopata"
http://5dias.wordpress.com/2013/12/23/a-direita-sociopata/

São tão ou mais perigosos...

De Francisco a 18.01.2014 às 00:28

Pá o mete é mentem e o à no final é há... fica a errata

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