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Contra mim falo…
Não encontrei vontade de sair ao Coliseu e dizer aos pulhas que espalham desemprego, miséria e desespero que já basta de falarem com se representassem outra coisa que não a ganância sem limpidez e impiedosa dos especuladores e capitalistas, a raiva de desforra de outros tempos tornados “modernos e inevitáveis” pela “realidade” que tece a irracionalidade de um sistema económico brutal e triturante de meios de produção apropriados por uma minoria e recursos naturais espoliados na presente e futuro para exclusive benefício de uns quantos.
A esquerda institucional, ao que parece, acha que o "respeitinho é muito bonito"...
e presumo que a outra deu-lhe o mesmo que a mim...
Sim, as hienas riem… mas reconheço que nós deixamos elas rir.
Até quando?
Nota Prévia: Com o globo a ser atravessado por mensagens tão persistentes na glorificação de Nelson Mandela, quero relembrar, como o fizeram os meus camaradas do “Socialist Youth Movement”, da África do Sul que as convicções, políticas e práticas que acabam, em última análise, por ser a base das avaliações de cada um.
À escala global assiste-se a uma gigantesca campanha de mitificação que torna quase intocável Nelson Mandela, um destacado líder do movimento de emancipação e libertação dos negros contra um dos regimes mais odiosos da segunda metade do Séc. XX, o regime do apartheid, regime esse que foi longa e coerentemente suportado pelo capitalismo internacional e o imperialismo.
Iniciando a sua luta política seguindo os métodos pacifistas de Ghandi, Mandela, como muitos outros líderes da libertação nacional da África, procurou, dentro do quadro legal da República Sul Africana, combater a discriminação racial imperante no seu país. Constatando a inutilidade dos apelos à Rainha de Inglaterra e dos juramentos de fidelidade ao Império, prática do ANC nos anos 40, Mandela e um pequeno grupo de activistas lança dentro do quadro legal da República Sul Africana, a acção de massas para combater essa discriminação. A Campanha do Desafio – seguindo, em parte, as técnicas de desobediência civil de Ghandi, envolveu as massas durante os anos 50, período em que se consolidou o regime do apartheid.
É nesse período que se constrói a Carta da Liberdade, documento central da luta contra o apartheid, resultantes de milhares de contribuições de operários, camponeses, jovens e intelectuais comprometidos, que desde o início da década até ao Congresso do Povo, debatem e constroem este importante documento político.
Como outros líderes da libertação, confrontou-se com a brutalidade e violência do Estado e tirou a conclusão necessária: a necessidade de auto-defesa e de sabotagem do poder repressivo, a necessidade da luta armada para a libertação integral. É neste contexto que foi preso e condenado a prisão perpétua.
A sua prisão não pôs fim à luta pelo fim do regime do Apartheid, nem a luta contra a opressão e exploração das massas sul-africanas. Conjugada com a independência das ex-colónias portuguesas, Angola e Moçambique, a luta assumiu um carácter crescente durante o final da década de 70 e durante os anos 80.
A tentativa dos racistas sul-africanos de criar um protectorado no sul de Angola, - tomando parte ao lado da UNITA na guerra civil angolana – gorou-se na Batalha de Cuíto Cuanavale, a maior batalha travada em África desde a II Guerra Mundial, e acelerou o processo de libertação nacional da Namíbia.
As perspetivas para o regime do “apartheid “ reduziam-se drasticamente.
O horror que escorria perante a iminente falência do brutal regime do Apartheid, levou as classes dominantes de muitas potências a procurar freneticamente uma solução que salvaguarda-se os interesses mais profundos das multinacionais que beneficiaram largamente do regime de terror racista e prepararam-se para continuar a usufruir dos recursos naturais da Africa do Sul.
Iria o ANC levar a cabo o seu programa socialista? Estariam as rendas e recursos espoliados pelas multinacionais em risco?
Com o crescimento da luta de massas interna, tornou-se evidente que o regime tinha de mudar.
A libertação de Mandela, mas mais do que isso, as negociações secretas durante a Codesa (Convenção por uma Africa do Sul Democrática) e realizadas com os dirigentes dos sectores mineiros e energético sul-africanos e representantes das multinacionais inglesas e norte-americanas durante as madrugadas no Ban Sul Africano para o Desenvolvimento, onde a Carta da Liberdade é rasgada e salvaguardados os interesses nacionais e internacionais do Capitalismo, são a tábua de salvação do Capital e o garante do actual “unanimismo” à volta de Mandela.
Na hora da morte de Nelson Mandela, o que celebram agora as classes dominantes – incluindo o hipócrita Cavaco que levou o nosso país, em 1987, a isolar-se com os suspeitos do costume, os Estados Unidos da América, de Reagan, a Grã-Bretanha, de Thatcher, nos 3 únicos votos contra a um apelo da Assembleia Geral das Nações Unidas aprovado com 129 votos, para a libertação incondicional de Nelson Mandela – é uma África do Sul que continua rendida às delícias de uma sociedade de explorados e exploradores, onde a burguesia negra e branca continua a massacrar, como em Marikana, e nas centenas de confrontações de classe que atravessam a África do Sul de hoje.
O percurso de Nelson Mandela, de pacifista na linha de Ghandi, a combatente fundador da Umkhonto we Sizwe – "Lança de uma Nação”, braço armado do Congresso Nacional Africano (ANC), na sequência do brutal massacre de Sharpeville, a sua longa prisão – a par de outras muitas e de muitos e muitos mortos legal e ilegalmente, pelo regime racista a “humanista” pela “paz e reconciliação”, é o percurso de muitos dirigentes dos movimentos de libertação nacional.
Afinal, respiram agora de alívio, a coisa correu “suavemente”: nas fileiras do ANC encontraram os seus Josés Eduardos do Santos que hoje substituem os títeres obsoletos do apartheid. Por isso, podem hoje celebrar o “terrorista” reconvertido.
Para as massas trabalhadoras sul-africanas a hora é de reconstruir, pela acção de massas, um programa político de libertação integral e de construírem uma voz politica independente que possa dar consequência à luta pela emancipação dos trabalhadores. Surgindo dessa necessidade, o Partido Socialista dos Trabalhadores, lançado pelos Comités de Greve Mineiros mas já adoptado por mutos outros sectores de explorados e da juventude, apresenta-se como uma alternativa socialista à barbárie de opressão e exploração que, 20 anos após o fim do apartheid, a direcção do ANC deliberadamente manteve contra os interesses das massas trabalhadoras do país.
Para os trabalhadores e jovens da África do Sul a jornada pela emancipação integral continua!
Os jornais fizeram eco - coisa rara, mas acontece - da denúncia do CESP (Sindicato do Comércio, Escritórios e Serviços) contra o assédio moral que a adiministração do Pingo Doce está a fazer sobre os trabalhadores para que aceitem o banco de horas.
O mesmo se passa nas lojas FNAC e outra empresas.
Pouco falta, e o tom de ameaça cresce, que a "sociedade civil" imponha a supressão da liberdade sindical como factor fundamental para a recuperação financeira do país.
Entretanto, nos EUA, trabalhadores da Walmark, com o apoio da comunidade, enfrentam o assédio, exigem justiça e respeito
Aqui fica mais uma ideia para os trabalhadores do Pingo Doce, MiniPreço, Continente, McDonalds etc e tal:
Sindicalizem-se. Organizem-se.
E a sugestão de atenção solidária para todos os outros.
Cavaco dixit sobre o protesto das policias: «Não tenho ainda informação completa sobre o que aconteceu, porque ainda não tive oportunidade de falar com o Governo e, por isso, numa circunstância destas o meu apelo só pode ser um: serenidade».
O seu problema, Senhor Presidente dos Bancos e Especuladores, do Grande Capital (financeiro e «produtivo»), dos trafulhas e criminosos do BNP, dos Dias Loureiros e quejandos, o problema é que a sua serenidade é a inquietação e indignação que cresce por debaixo da aparente acalmia.
E o nosso problema é que, apesar da desagregação das forças repressivas, falta uma campanha para acabar com a sua serenidade, para reunir as propostas alternativas de forma clara e mobilizadora, para unir na acção as milhentas inquietações, indignações e lutas que se travam por todo o país.
Mas como dizia o outro:
«...atrás dos tempos vêm tempos
e outros tempos hão-de vir...»