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Mais ainda, no meio destes putos, há milhares de jovens adultos com mínimos de integridade, humanismo e respeito por si e pelo próximo que são vergados todos os anos perante esta podridão. Daí que, e depois de ter visto por aí o vídeo abaixo a circular, um impulso me levou a escrevinhar umas coisas, até para, para mim, poder dar o assunto como fechado.
E visto isto, a que se soma o "direito a ser humilhado" e as conversetas todas do papel da praxe na integração, mantenho a opinião, apenas com mais força: Triste país que tem uma Universidade que permite isto dentro das suas portas.
Parece-me impossível, se não absurdo, falar em proibição de praxes, por uma série de razões, nomeadamente a dificuldade em definir limites e critérios para tal lei:
a) Seria o ajuntamento? Qualquer grupo de universitários na rua seria praxe? E se um dia (não custa sonhar) os estudantes do superior resolvessem voltar a sair à rua para exigir o mínimo que é exigível para o ensino em Portugal, seria esse ajuntamento considerado praxe?
b) O comportamento? Um bando de bêbados aos gritos na rua é praxe? Se, e tantos usam por aí o argumento, coisas como as Festas de Queima das Fitas e afins são parte da praxe, seriam então estas proibidas?
c) Seria o traje, a roupa? Qualquer ajuntamento de malta com capa seria proibida? E se Lisboa, na sua ânsia de promover o turismo, conseguisse receber um Congresso Mundial de fãs do Batman? Teria de ser aberto um regime de excepção na lei de proibição das praxes?
O passo a dar é, parece-me, "anormalizar" a praxe. E antes de mais, correr com ela de qualquer espaço universitário. Se um qualquer grupo de jovens tem extremas dificuldades em lhes ver cedida para simples reuniões de trabalho uma sala numa qualquer faculdade, como se concebe e aceita o que se vê neste vídeo? E os reitores e presidentes dos conselhos directivos e pedagógicos e outros órgãos de nome pomposo, sempre com a boca bem cheia dos valores da Academia e da elevação desta, admitem e dormem descansados com isto a acontecer nas suas barbas?
Claro que fora das universidades continuaria a haver praxe. E a solução também não me parece complicada e reside tão só naquilo a que chamamos Estado de Direito. Qualquer abuso perante a integridade moral e física de uma pessoa não deve ser reportado a uma Comissão de Praxe e remeter para um Código de Praxe. Deve ser reportado à polícia e remeter para o Código Civil ou Penal. E só com a repetição e perda de medo de denunciar e punir, se vai conseguir voltar a colocar o mundo nos eixos. E talvez consigamos voltar a viver num mundo onde quem defende igualdade entre todos e respeito pela condição do outro não é vaiado ou olhado de lado, enquanto os desprovidos de qualquer noção de humanidade se passeiam de colher de pau gigante na mão, enquanto fazem tempo até serem nomeados para uma qualquer Secretaria de Estado..
Obrigado ao PSD e aos seus concubinos do CDS, bem como a todos os seus imbecis militantes, por um dos momentos de maior vergonha de que tenho memória neste país.
Não é que com isto se apague tudo o que já fizeram contra esta terra, mas também por isso, esperava maior decoro a lidar com assuntos desta natureza. Já não o têm, o que mostra bem o estado despudorado com que esta súcia lida com a vida dos outros. Culpa deles, mas também do eleitorado e da população que o permite.
Lembrando-me de Saramago, que ele me permita dizer: "Referende-se também a puta que os pariu a todos!"
Vinha a caminho do trabalho e entre quiosques nas ruas e as televisões nos cafés, não pude deixar de reparar nas notícias sobre a grande bomba do dia, que está a deixar o país num abalo profundo. Ao contrário do que possa parecer a muitos, não estou a falar das soluções para o executivo da Câmara Municipal de Loures, mas sim das declarações do Blatter sobre a contenda Messi vs Ronaldo e os comentários pouco abonatórios feitos ao "nosso" jogador.
Ora, e correndo o risco de ir contra a linha deste e de outros blogues de esquerda, vinha pensando esta semana em escrever sobre o Aníbal Cavaco, o nosso Presidente, em vez de produzir mais um artigo autofágico da esquerda sobre a esquerda.
E juntando estes dois acasos, a conclusão chegou de imediato. O Blatter é o Cavaco de Zurique! Ou o Cavaco, o Blatter de Boliqueime! Parece-me mesmo terem sido separados à nascença, se não repare-se nas semelhanças:
- Ambos nasceram na década de 30;
- Ambos são economistas;
- Ambos exercem cargos de topo há mais de 15 anos, com claros prejuízos para as suas "instituições";
- Ambos não fazem a mais pequena ideia do significado do carácter institucional dos seus cargos;
- Ambos deveriam, pelo menos, esforçar-se por manter uma certa capa de imparcialidade, dadas as suas funções;
- Ambos são manifestamente maus a cumprir o ponto anterior, sendo mesmo grosseira e boçalmente apanhados em manifestações exageradas de simpatia face aos seus preferidos;
- Ambos cometem erros grotescos nas suas funções, mas garantem que é preciso é manter o rumo;
- Ambos já foram associados a esquemas de corrupção, até agora e no mínimo, muito mal explicados;
- Ambos têm extremas dificuldades em não fazer figuras ridículas perto de comida.
Estou agora a chegar a casa e o céu, iluminado por uma trovoada digna de filme de terror, ameaça borrasca da grossa. Diria que vem aí chuva e QUASE tão violenta e grossa como as críticas que têm caído sobre a CGTP desde o anúncio de mudança do percurso da marcha de amanhã.
E se chuva em Outubro não me espanta, o mesmo não posso dizer do segundo facto aqui referido. Como ponto de partida, acho que podemos todos concordar que este anúncio acabou por ter um efeito fabuloso e muito prometedor para a esquerda portuguesa que se assume anti-capitalista e verdadeira alternativa. Senão, repare-se: não faz uma semana, e Portugal era um país com um povo simpático, bonacheirão até, que pouco vota, e se o faz é maioritariamente à direita, não faz greves, não vai a manifs, nem refila no trabalho, porque isto da política só está bom é para "eles" e a nós só nos dá chatices. Dá-se o anúncio na Terça-Feira e a epifania acontece. Afinal, nada disto era verdade. Afinal, Portugal é constituido por uma horda de revolucionários prontos e só à espera do sinal da CGTP para avançarem pela ponte, tomarem São Bento e só pararem no Palácio de Inverno.
Compreendo a desilusão de muitos, até porque eu próprio a senti. Apesar de muito vacilante, achei que marchar pela Ponte 25 de Abril era possível. Mas, a verdade é que a decisão foi outra. E por mais que se discorde, considero que criticar até à exaustão a alteração, procurando mesmo esvaziar de conteúdo o protesto de amanhã é um claro sintoma do mal que dificilmente largará muita esquerda portuguesa. A decisão é mais do que legítima e facilmente justificável por quem a tomou.
Não estamos a falar de movimentos inorgânicos, lançados por meia dúzia e acompanhados por dezenas ou por centenas de milhares de pessoas consoante o tempo de antena que as televisões e as redes sociais lhes dão. Não estamos a falar de movimentos criados na semana passada, cuja capacidade de mobilização é quase exclusiva entre jovens adultos de formação superior. Estamos a falar de uma central sindical que representa mais de 700.000 trabalhadores. Estamos a falar de um movimento que mobiliza dezenas de milhares de pessoas de cada vez que sai à rua. Mulheres e homens com graus de comprometimento muito variáveis, de todas as idades, de todas as profissões e que estão longe de imaginar que, ao sair para uma manifestação, vão acabar varridas a cassetete por polícias raivosos.
Ora, por mais urgente que seja um verdadeiro abalo, uma verdadeira revolução perante a situação que assola o país, enviar toda esta gente para a linha da frente do conflito e ver no que dá, seria uma irresponsabilidade da qual não me orgulharia. E sejamos claros, o cenário estava montado para o pior. E mesmo não acontecendo o pior, o menor dos incidentes teria repercussões imensas sobre quem estava a organizar o protesto.
E posto isto, sei bem onde vou estar amanhã. Passarei a Ponte e lá estarei em Âlcantara, pelas 15h. E depois no Domingo e na Segunda e por aí adiante, no bairro, na freguesia, na empresa, na rua. E depois dia 26, no Rossio. E depois onde for preciso estar...