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Diz alguma teoria que o primeiro ano de mandato é uma espécie de lua-de-mel, em que os eleitores de alguma maneira dão um voto de confiança. Têm alguma paciência adicional.
Ainda não passaram duas semanas desde a tomada de posse de Manuel Pizarro e já estamos no divórcio. O recém empossado vereador da Habitação e da Coesão Social teve o seguinte a dizer sobre os cortes de luz nos bairros do Lagarteiro e de Contumil:
“Não tenho nada a dizer, não sou relações públicas da EDP"
Com um ataque cada vez maior aos rendimentos e às prestações sociais, não é segredo nenhum que se têm vivido situações cada vez mais dramáticas não só, mas especialmente, nos bairros sociais. Os casos de famílias a morarem sem luz e/ou água multiplicam-se.
E porque as palavras são, por vezes, mais potentes que uma bala, deixo-vos as declarações de Manuel Pizarro, há menos de uma semana, sobre o acordo com Rui Moreira. Sim, aquele candidato independente do CDS.
«Acho também que é um belíssimo sinal que se dá para o país numa cidade onde independentes e PS resolveram juntar-se para procurar uma maior eficácia nas resposta às dificuldades pelas quais as pessoas estão a passar», frisou.
Pizarro, que ficou com a responsabilidade pela habitação e ação social, disse ainda que com estes pelouros vai tentar resolver parte dos problemas dos idosos isolados e da pobreza extrema.
Apesar de achar que os «objetivos serão coletivamente assumidos pelos vereadores da maioria com a participação de todos os eleitos», o autarca socialista assinalou que «há muitos portuenses a sofrerem na cidade».
«Há muitas situações de pobreza extrema, designadamente as pessoas sem abrigo. Há muitos idosos a viverem isolados cheios de dificuldades. Não conseguiremos seguramente resolver todos os problemas, mas daremos o nosso melhor para que as pessoas possam viver com mais qualidade de vida e mais dignidade», frisou.
Qualidade de vida e dignidade. Estamos entendidos.
Posto isto, fica a pergunta: para que serves Pizarro?
"Por sua vez, se compararmos o dispêndio em salários das Administrações Públicas com o volume de impostos arrecadados, chegaremos à conclusão de que a totalidade da receita em IRS e IRC – os impostos pagos por trabalhadores e empresas, exceptuando, para efeitos comparativos, os que têm origem nos descontos dos funcionários públicos – não chegam senão para pagar 90% da folha salarial do Estado." (Documento da Reforma de Estado: Um Estado Melhor)
Há pelo menos duas coisas a dizer sobre este excerto, que está logo na página 12.
Primeiro: comparar a receita do IRS e IRC com o pagamento de salários do Estado sem contar com os funcionários públicos é estranho.
Pode ter duas explicações, em que nenhuma faz grande sentido.
A primeira é que este Governo não conta em ter funcionários públicos.
A segunda é que era a única maneira de chegar às contas que chegou. Aposto na segunda.
Segundo comentário: esta gente não lê os seus próprios documentos. Assumindo que a tentativa de exceptuar os descontos dos funcionários públicos não faz sentido nenhum, ponhamos os olhos no que diz a Proposta de Orçamento de Estado para 2014... Que apresentaram há duas semanas atrás.
Impostos Diretos 16.961.472.559
Despesas com o Pessoal 8 365 309 489
Nota para quem fez estas contas: os impostos diretos pagam duas vezes as despesas com o pessoal.
E se não for pedir demasiado, tentem tirar as conclusões dos resultados, não inventar resultados para as conclusões que desejam.